domingo, dezembro 24

Tolerância zero

Por falta do que dizer
Ou mesmo de comentar
Muita gente sempre faz
Pergunta sem pensar
Um monte de baboseira
Que te faz arrepiar

Vou te passar agora
Uma espécie de manual
Quando fizerem a ti
Perguntas fora do normal
Responda desse jeito
Mas de modo casual

Você está no mercado
Comprando arroz e feijão
Chegando um conhecido
Pergunta sem razão:
-Está fazendo as compras?
Responda: É claro que não

Estou enchendo o carrinho
Apenas por distração
Vou devolver isso tudo
Dinheiro tenho não
Estou indo agora mesmo
Devolver tudo no balcão

Na fila do cinema
Chega sempre o gaiato
-Vai assistir um filme?
Responda logo no ato
Sabe que me enganei?
Pensei que fosse teatro

Depois da longa fila
Você chega pra comprar
Vem a outra pergunta
Acho que só pra chatear
Vai querer uma entrada?
Não, estou na fila pra relaxar

Se acaso na Lan House
O amigo perguntar:
-Vai entrar na internet?
Responda sem pensar
-Sei nem o que é isso
Vou aprender a digitar

Se ao perguntar as horas
O amigo quiser saber
-A hora de agora?
A resposta vai merecer
Responda com carinho
-Mês que vem, venha dizer

No dia de finados
Eu vinha do almoço
Sobrou uma quentinha
Que causou um alvoroço
Passei no cemitério
Fiquei ao lado de um moço

Que havia levado flores
Para um seu familiar
Botei do lado a quentinha
Comecei logo a rezar
Quando veio a pergunta
O cara queria sacanear

Você acha que o morto
Vem pegar essa refeição?
Porque não trouxe flores
Seria bem melhor sua ação
Responda se por acaso
Você não tem coração

Ao ouvir sua pergunta
Não sou de ficar calado
Disse: Meu caro amigo
Não fique chateado
Se seu defunto aceita flores
O meu não fica esfomeado

Termino por aqui
Meu pequeno manual
Espero que compreenda
E entenda como um sinal
Pense sempre na pergunta
Se não quer acabar mal

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