quinta-feira, janeiro 4

Serviço completo

O antigo GSU (Grupo de Socorros de Urgência), do Corpo de Bombeiros do Ceará hoje denomina-se Núcleo de Resgate e Emergência Pré-Hospitalar (NREPH), e foi criado em 1998.
Nessa época não existia em Fortaleza o SVO (Serviço de verificação de Óbitos). Quando ocorriam mortes naturais, as alternativas para atestar o óbito eram o médico da família ou as funerárias, que tinham convênios com alguns profissionais.
Algumas pessoas menos esclarecidas, acionavam a ambulância dos bombeiros, pensando que poderíamos também atestar o óbito.
Foi por esse motivo que certa vez, num dia de finados, a guarnição composta pelo hoje subtenente Elielton e o sargento C. Brandão, foram acionados para o bairro Nossa Senhora das Graças, o famoso Pirambu, às nove horas da manhã, para uma ocorrência de mal-estar súbito, ao chegar perceberam que um senhor de já avançada idade, encontrava-se morto em uma rede, nenhum familiar encontrava-se no local.
Os vizinhos informaram que a esposa daquele senhor saíra ainda cedo, pela madrugada, para visitar o túmulo de seus pais, em uma cidade da região metropolitana.
Ninguém quis assumir a responsabilidade pelo acionamento da funerária ou médico, os bombeiros relutavam em chamar o rabecão, pois era nítido que não havia ocorrido crime.
O subtenente Elielton percebeu que tratava-se de uma família de poucas posses e que provavelmente não teriam condições de arcar com as despesas do enterro. O sargento C. Brandão lembrou de um conhecido, dono de uma funerária e entrou em contato com ele, providenciaram o caixão e o atestado de óbito.
Fizeram uma "vaquinha" entre os vizinhos e compraram arranjos de flores e velas (Vale a pena lembrar que eles não conseguiram contato com nenhum familiar até aquele momento).
Passaram quase todo o plantão, entre uma ocorrência e outra, envolvidos com o preparativos do velório e nada de chegar alguém da família.
Após largar o plantão, às dezenove horas, os dois bombeiros resolveram ir a residência do morto para ver se tinha chegado alguém. No local, observaram apenas três ou quatro curiosos do lado de fora da casa, as velas apagadas e nenhum familiar...
O subtenente Elielton não conteve os ânimos e falou:
-Que é isso rapaz? Cadê a consideração de vocês?
-Que foi bombeiro? Falou um dos presentes
-Você quer que a gente faça o que?
-Peraí que eu vou mostrar... Disse o Elielton
-Brandão! Acende as velas que eu vou chamar o povo.
Enquanto o C. Brandão acendia as velas, o Elielton foi de casa em casa, convocando os vizinhos para o velório.
Conseguiu juntar cerca de trinta pessoas na sala.
-Alguém tem um terço? Perguntou o Elielton
-Homem... Pra que tu quer um terço? Perguntou Brandão.
-Ora, pra começar a reza... Tu já viu velório sem reza?
E começaram as orações,no exato momento em que chega a dona da casa.... Imaginem sua reação ao ver o marido morto, num caixão e a casa lotada com as pessoas rezando pela alma de seu marido.... Quase que a pobre mulher não resiste e vai junto.

Outros causos

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